Cultura

O ACASO, por DEONÍSIO DA SILVA

 

O Professor Deonísio da Silva nos presenteia com um artigo sublime! Você já parou para refletir sobre o acaso na sua vida?

Imperdível!

AC

 

“A Humanidade deve muito a ações planejadas, mas deve muito também ao acaso. Basta lembrar que a penicilina foi inventada por acaso.
Já a talidomida não vitimou ninguém nos EUA porque estava no lugar certo a pessoa certa: a farmacologista Frances Kathleen Oldham Kelsey trabalhava na poderosa FDA (Food and Drug Administration) e sustentou, quase sozinha, que havia dúvidas sobre a segurança de uso do medicamento.
Quando as anomalias apareceram (bebês sem braço, sem mão etc., enfim com graves deformações), sua heroica atuação foi reconhecida: ela recebeu a condecoração President’s Award for Distinguished Federal Civilian Service das mãos do presidente John F. Kennedy, em 1962.

Estamos no começo de mais um ano e proponho a seguinte reflexão: quantas vezes o acaso deu certo em sua vida? Você presta atenção ao acaso? Ele tem suas leis, que desconhecemos.

Vamos a sete acasos famosos.

1. Em 1977, um engenheiro da 3M foi encarregado de produzir um novo adesivo, bem resistente. Foi um fracasso. Resultou num aderente muito fraco. Mas tornou-se um êxito comercial em outra função. O engenheiro viu que um colega de trabalho na Mineração e Manufatura de Minnesota (a famosa 3M), estava usando pedaços do adesivo que não dera certo: marcava as páginas dos cantos do dia no coro da igreja que ambos frequentavam. Para aquela função o poder de cola era suficiente. E surgiu o post-it.

 

2. John Pemberton vendeu por 2.300 dólares os direitos de um xarope que inventara para a dor de cabeça. O remédio não funcionou, foi um fracasso para a enxaqueca, mas sua fabricação resultou num outro produto, de consumo de massa, um dos mais vendidos em todos os tempos: a Coca-Cola.

 

 

3. Fred Smith tirou nota baixa em sua dissertação de mestrado. A banca avaliou que não era boa idéia usar aviões exclusivamente para transportar correspondências, sem levar nenhum passageiro. Em 1973, o ex-aluno demonstrou na prática que estava certo. Fundou a Federal Express (FedEx), a primeira companhia a fazer nos EUA o que o correio brasileiro também já faz há alguns anos, com o nome de Sedex: entregar a correspondência ao destinatário no dia seguinte ao que foi despachada. A empresa do ex-aluno hoje faz entregas em 220 países.

 

 

4. Em 1946, Perry Spencer, engenheiro da Raytheon, testava um gerador de alta freqüência. Gostava de comer chocolate e trazia uma barra no bolso. Percebeu que a guloseima derreteu-se em determinado momento. Nascia o forno microondas, que no início era de tamanho descomunal, como ocorreu com os computadores, mas em 1967 os fornos já eram vendidos para uso doméstico nos EUA e hoje são vendidos por menos de um salário mínimo no Brasil.

 

 

5. No mesmo ano de 1946, Louis Réard tinha inventado o maiô de duas peças e precisava de um nome para lançar o novo traje de banho. Estavam sendo testadas armas atômicas no atol de Bikini e ele resolveu aproveitar a palavra que estava na mídia para denominar a nova peça do vestuário feminino. Nascia o biquíni.

Ursula Andress, inesquecível, num dos filmes de James Bond!

 

6. Depois de um passeio pelo campo, George de Mestral trouxe um carrapicho para casa e resolveu estudar a razão de o capim grudar-se daquele modo. Nascia o velcro.

 

 

6. Ruth Handler observava sua filha brincar de boneca e propôs a seu esposo uma idéia que ele considerou maluca: fazer uma boneca diferente, não mais uma criança, mas uma representação de mulher adulta. Anos depois, viajando pela Alemanha, Ruth viu que uma boneca chamada Lili, destinada ao público adulto, era comprada também para as crianças, que se divertiam trocando a roupa de Lili.

Ruth comprou os direitos da boneca alemã, fez algumas modificações e assim, em 1959, nascia a Barbie, apelido de Bárbara, filha de Ruth. Comercializada em mais de 140 países, a boneca já vendeu mais de 800 milhões de unidades.

 

A primeira Barbie, 1959

 

7. O primeiro computador de uso doméstico foi projetado para vender 200 mil unidades em cinco anos. Vendeu 241.683 unidades no mês do lançamento. E hoje não vivemos mais sem ele. Nele escrevi este texto, nele enviei para a redação, nele foi editado e nele você o está lendo.

 

 

O poeta latino Ovídio escreveu o seguinte sobre o tema: “O acaso é sempre poderoso. Mantenha o anzol sempre pronto. No instante mais inesperado, você encontrará o peixe”.

 

Ovídio

 

PS. Dica de livro: “Ideias Vip”, ainda sem tradução no Brasil. Uma das orelhas informa que seu autor, German Castaños, é colunista de Emprendedores News, um dos portais da internet, em espanhol, mais visitados. Seu tema preferido é a criatividade empresarial. O pequeno volume, de apenas 116 páginas, traz como subtítulo: Casos extraordinários de criatividade e inovação. Nele vêm narrados casos de ideias que, dando errado, acabaram dando certo por outros caminhos. Triunfou o acaso.

 

*Deonísio da Silva, escritor e professor, Doutor em Letras pela USP, é Vice-reitor de Extensão da Universidade Estácio de Sá, no Rio. Faz coluna semanal de Etimologia na revista CARAS.

 

AC

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UMA PALAVRINHA SOBRE SUTIÃ por DEONISIO DA SILVA

 

O Blog hoje está impossível, está com tudo e com motivo, estamos prosas!

Nosso convidado é o Professor Deonísio da Silva, que nos dá essa colher de chá maravilhosa, nos honrando com esta cronica escrita especialmente para o 40 Forever!

AC

 

 

UMA PALAVRINHA SOBRE SUTIÃ

 

“Escritores usam sutiã! Jornalistas também! É frequente o uso de sutiãs entre os que redigem. Quem faz dicionários, também usa sutiã!

Há mais significados sob as palavras do que supõem nossos parcos saberes. Todavia o sutiã utilizado pelos profissionais do parágrafo anterior não é o fetiche encantador do vestuário feminino, talvez a primeira peça com a qual o ser humano dá de cara (ou de boca!) nos primeiros meses de vida, quando a mãe descobre os seios para amamentar o rebento.

 

 

É que sutiã tem outro significado, assim fixado no Dicionário Aulete: “Frase colocada depois do título e que serve para complementar o mesmo; subtítulo.”

No seu significado predominante, sutiã veio do Francês soutien, designando peça íntima para sustentar, modelar ou simplesmente enfeitar os seios.

Há sutis e complexas diferenças nas línguas francesa e espanhola para esse sortilégio, esse amuleto da lingerie, que, aliás, tem este nome porque as primeiras vestes femininas íntimas foram feitas de lin, linho, substantivo francês que está na origem do adjetivo lingerie, feito de linho.

As espanholas usam sujetador, significando dominador. Isto é, para as espanholas, o sutiã domina algo que pode escapar. Para as francesas, sustenta algo que pode cair.

Em outras línguas, como as anglo-saxônicas, é denominado brassière, do antropônimo francês Philippe Brassière, ou simplesmente bra. Os norte-americanos creditam a invenção do sutiã à debutante Mary Phelps Jacob, que em 1914 recebeu 15 mil dólares pela patente de uma peça do vestuário feminino que denominou soutien-gorge.

 

Mary Phelps Jacob

 

 

Mary abominava os espartilhos, usuais e tidos por elegantes naquela época. Inconformada em sair à rua com o corpo tão apertado, acolheu ideia de sua anônima criada francesa e amarrou dois lenços para segurar os seios, ligando um pano ao outro com uma fita.

 

Quem não se lembra desta cena de …E o Vento Levou?

 

A inventora jamais conseguiu comercializar aquela peça, mas desde então muitas empresas têm ganhado fortunas incalculáveis em todo o mundo fabricando sutiãs.

O costureiro e decorador francês Paul Poiret, em En Habillant l’Èpoque, atribui a si mesmo a invenção do sutiã para suas clientes. Também Otto Titzling é dado como inventor da peça, em 1912.

As mulheres da Roma Antiga usavam o strophium, um pano que mantinha erguidos os seios. A palavra latina era a mesma para designar a corda que amarrava o navio ao cais. A ideia, para os navios como para os seios, era a de prendê-los.

 

Strophium

 

Famosas mulheres, muito conhecidas dos habitantes da Galáxia Gutenberg, não puderam contar com a ajuda de sutiãs para encantar aqueles homens que, antes de nós, se apaixonaram por elas. O Diccionario da Lingua Portugueza, de Antonio de Moraes Silva, cuja sétima edição, “melhorada e muito accrescentada”, foi impresso na “Typographia do editor Joaquim Germano de Souza Neves”, à Rua da Atalaia, em Lisboa, ainda não trazia a palavra sutiã.

Rastreando obras de referência ou romances, poesias, contos, crônicas e ensaios, não encontramos sutiã antes do século XX! Portanto, famosas e emblemáticas personagens femininas de Eça de Queiroz, de Machado de Assis, de Balzac, de Flaubert, de Shakespeare, de Dante, de Cervantes e de quantas mais dessas épocas pregressas, não usavam sutiã.

Hoje só não usa sutiã quem não quer! Nós, os que escrevemos, para fazer subtítulos que amparem nossos textos. As mulheres, para segurar o que a lei da gravidade tende a pôr abaixo. ”

 

Madonna e seus famosos sutiãs shows!

 

Deonísio da Silva

Da Academia Brasileira de Filologia, Vice-reitor da Universidade Estácio de Sá e Consultor do Dicionário Aulete, escritor e professor.

Escreve semanalmente na revista Caras sobre Etimologia das Palavras.

 

AC

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PARIS: MUSEUS E SEUS RESTAURANTES por VIVI ROCHA

 

Nossa maravilhosa e querida Vivi Rocha, nos conta hoje mais um pouco sobre suas andanças por Paris!

AC

 

“Em Paris quando a programação é ir à um museu a primeira coisa que faço é saber se lá tem restaurante ou café para o almoço ou para um encontro. Acho muito cômodo já sair de manhã com o dia esquematizado. As vezes perdemos um tempo enorme se deixarmos para pensar na última hora, por exemplo, onde comer.

Os restaurantes ou cafés dos museus tem movimento o dia todo, garantindo assim que não encontrarei um lugar “as moscas” se tiver fora do horário tradicional das refeições. Franceses se misturam a esses ambientes ecléticos seja para uma refeição ou somente para “prendre un verre”, “un gâteau” , ou um expresso.  Além da atmosfera agradável, essa paradinha é uma boa recompensa para as pernas após as grandes caminhadas dentro dos museus.

 

Meus prediletos são:

No Louvre/ Café Marly : localizado ao lado de fora do museu, na praça da pirâmide o Café Marly da cadeia Costes é lindo seja ao ar livre com vista para o museu e a imponente pirâmide ou no interior com confortáveis estofados em veludo capitonnés, paredes com lindas boiseries e janelões para um pátio interno do Louvre. Esse restaurante, tem um astral lindo, comida sempre boa, gente bonita e mistura de intelectuais, turistas, e locais. Todos abençoados pelo belo visual para a pirâmide.

 

 

No Museu d’Orsay tem 3 opções. Eu fico entre o romântico e tradicional “1900” com decoração sóbria e clássica, lustres de cristal e belos trompe l’oeils.

Essa é uma elegante opção para o chá da tarde acompanhado de uma deliciosa pâtisserie.

 

 

A outra opção é o restaurante dos irmãos Campana, um tributo contemporâneo ao estilo Art Nouveau criado pelos famosos arquiteto brasileiros.  O Café Campana inaugurado em 2011, está estrategicamente localizado no espaço onde fica o legendário e gigante relógio de vidro e através do qual temos a vista para as margens do esplendoroso o rio Sena.

 

 

 

 

No Museu Georges Pompidou / restaurante Georges: No sexto andar do museu tem o  “Georges” com vista espetacular para os telhados de Paris, também da cadeia Costes segue a tradição do bom gosto na decoração e mantém o mesmo menu dos demais da mesma cadeia, uma delícia. A curtição já começa pela entrada que pode ser pela famosa escada rolante que fica do lado de fora do museu.

 

 

Le  Grand Palais/ restaurante Le Mini Palais : Do lado de fora do Grand Palais, à direita em direção ao rio Sena, bem na esquina, tem o Le Mini Palais, recém inaugurado, um charme e uma comida ótima. O Brioche gigante com massa de queijo é inesquecível!

 

 

 

 

Museus como o Quay Branly e o Palais De Tokyo também tem restaurantes com vistas espetaculares.

Não esquecer de consultar o horário de funcionamento, alguns abrem para o jantar e outros só durante os horários de funcionamento do museu.

Saudades de Paris!

VIVI ROCHA para o 40 FOREVER

 

www.maisonthierrycostes.com

www.musee-orsay.fr

 

AC

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YAD VASHEM em Jerusalém

Este lugar é super impactante, nos dá uma noção de valores que não podemos esquecer: Somos todos iguais e irmãos.

YAD VASHEM é o memorial do povo judeu sobre o Holocausto. Lá se guarda a memória do passado e mostra o seu significado para as gerações futuras. Fundado em 1953, como o centro mundial para a documentação, pesquisa, educação e comemoração do Holocausto, Yad Vashem é hoje um local dinâmico e vital de encontro internacional e de várias gerações.

A origem do nome é um versículo bíblico: “E a eles darei a minha casa e dentro dos meus muros um memorial e um nome (Yad Vashem) que não será arrancado.” (Isaías 56:5.)

Localizado aos pés do Monte Herzl, em Jerusalém, Yad Vashem é um complexo de cerca de 18 hectares que engloba diferentes espaços como o moderno Museu da História do Holocausto, vários memoriais, como o Memorial das Crianças e a Sala da Memória, o Museu de Arte do Holocausto, esculturas, lugares comemorativos ao ar livre, como o Vale das Comunidades, a sinagoga, arquivos, um instituto de pesquisa, biblioteca, uma editora e um centro educacional, a International School for Holocaust Studies (Escola Internacional para o Estudo do Holocausto).

Os Não-Judeus que salvaram Judeus durante o período do Holocausto, com risco das próprias vidas, são honrados pelo Yad Vashem como “Justos entre as Nações”.

Um lugar que vale a pena ser visitado ao vivo, ou aqui no 40 Forever!

AC

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

www.yadvashem.org

 

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