Me lembro, até hoje, da emoção que senti ao ler, com 4 anos de idade, a descrição do vestido de casamento de Narizinho Arrebitado com o Príncipe das Águas Claras, feita pelo Grande Monteiro Lobato, em sua obra prima, “Reinações de Narizinho”: além de lindo, ele era um “gown dress” ao vivo e a cores, onde todos os peixinhos do mar nadavam, em algazarra, pela sua saia, num vai e vem infinito!
Nunca pensei que algum outro pedaço de pano pudesse rivalizar em impacto, originalidade, imaginação e beleza com o que o mestre da literatura infantil brasileira vestiu sua encantadora heroína, atiçando minha pobre e sedenta imaginação para o 40forever…
… Até ir jantar na casa de amigos, ser recebida como poucas vezes fui e me deparar com a toalha de mesa mais original e delicada que já vi em minha vida: quando a elegância mineira põe a mesa, é de se tirar o chapéu e aplaudir de pé. Portanto, aplaudo Silvana Gontijo!
Facilmente, preencheria uma semana de posts cantando, em prosa e verso, tudo que vi e que aprendi, naquela noite mágica. A anfitriã, que podia chamar-se Babette, para combinar com seus dotes culinários, fez tudo em casa: dos bouquets de flores aos lindos potes de geléias variadas, que esperavam cada convidada no seu lugar à mesa, passando por um pernil “en croute na focaccia”, que também ele merecia um capítulo à parte, nada escapou de suas mãos de fada!
Mas voltemos à toalha:
Risoleta Jaguaribe Selmi-Dei, avó de Silvana, encomendou, em 1915, uma linda toalha de linho branco, para comemorar o nascimento de sua primeira filha, Leda Gontijo, mãe da minha musa Silvana. Desta data em diante, “quando convidava alguém que queria incorporar ao seu universo, para a eternidade”, a toalha entrava em ação: após o jantar, ela pedia que seu eleito desse um autógrafo, na famosa toalha, e mandava borda-lo. Assim, escreveu a história das amizades da família, com os riscos dos bordados mais delicados e afetuosos que já ouvi falar.
Hoje, a toalha pertence à Silvana, por obra e graça de um sorteio que a mãe fez, entre as filhas: sortuda mas merecedora, porque continua o legado da avó, com toda competência! BN