Na minha viagem para Londres, mês passado, estávamos com a agenda praticamente lotada, por conta dos inúmeros concertos. Por isso, decidimos deixar o maravilhoso teatro local para a próxima, não fosse a veemência da querida MP, me aconselhando a peça “WarHorse”… Como sempre acato seus preciosos conselhos, fomos destinadas a ver um espetáculo que encheu nossos olhos pela beleza e criatividade de sua encenação e é, absolutamente, imperdível!
Baseada no livro infantil homônimo, de Michael Morpungo, que virou um belo filme sob a direção do mago, Steven Spilberg, especialista em obras que encantam tanto os adolescentes como também seus pais, WarHorse conta uma história simples, em versão saga, do amor incondicional do menino Albert Narracott por seu cavalo Joey.
Passada em Devon, Inglaterra, durante a Primeira Guerra Mundial, a trama fala sobre amizade, injustiça, saudades e, logicamente, guerra. Até aí tudo ok… O que destoa, e faz a diferença, é a montagem genial, com uma cenografia que proporciona uma intimidade e identificação única, do espectador com os personagens.
Apoiada num palco quase circular, lembrando uma arena, platéia em volta e corredores cortando-a, para ligar o fundo do teatro ao proscênio, me senti integrante da encenação, tal a proximidade que estas vias proporcionam a todos os que estão no recinto.
Cenário minimalista, em tons de cinza, montado e recolocado pelos próprios atores, a primeira surpresa já é bárbara: um telão, lindamente recortado, que rasga o fundo do palco de fora a fora, e onde é projetado desenhos a lápis lindos e cenas autênticas de batalhas, para nos localizarmos no tempo e no espaço.
Toda a simplicidade é para reforçar a importância da figura dos cavalos Joey e Topthorn, cujo desenho é impactante e o controle absolutamente fantástico. Concebidos como marionetes ( o que lhes dá um perfeito aspecto lúdico e vintage) e tamanho real de um cavalo, estes “bonecos” são manipulados por atores que simulam seus movimentos e imitam seus sons, num ballet perfeito e mágico. São três atores para cada cavalo, dois para mexer o corpo e um somente para cara, que com perfeição técnica consegue dar quase vida a um puppet feito estrutura de aço, cabos de avião, tecido e couro.
O melhor de tudo é que, em nenhum momento, os atores que dão vida aos bichos são disfarçados. Pelo contrário, suas figuras e atuação estão no centro do espetáculo, para dar-nos a dimensão exata de suas importâncias. A simbiose é tão perfeita que, no decorrer da peça, esquecemos das partes e olhamos para aqueles bichos/ homens como uma unidade.
Pra terminar: o teatro vem abaixo quando uns marrecos cruzam o palco, de quando em vez, seguindo este mesmo sistema simbiótico e derrubando nossos queixos, diante de tanta perfeição!
Quem for viajar, nas próximas férias, para Londres ou NYC, aproveite para ver “WarHorse”, vale muito o seu ingresso! E leve a filharada, todos vão adorar… BN