A minha querida amiga, Monica Sayão, é uma arquiteta de mão cheia que, nas horas vagas, viaja mundo afora, cumprindo os roteiros mais encantadores. Tudo organizado por ela, começou levando o maridão e passou também a organizar para pequenos grupos: programaço!
A seguir, ela nos conta, com muito charme e propriedade, seu périplo pela linda região do Douro português. Sigamos com ela! BN
MONICA SAYÃO E SUA LINDA VIAGEM AO DOURO
“Já havíamos visitado Portugal algumas vezes, em passado recente, incluindo o Porto e a região do Douro. Mas desta vez, em maio passado, talvez por “confluência dos astros”, passamos dias fantásticos que gostaria de dividir com vocês.
Para tanto, alugamos um carro e saímos do Porto em direção a Vila Real, para uma estada de três dias na terra dos vinhos ibérica.
Chegando, vale uma parada no centro histórico de Vila Real, para conhecer a linda Sé, que tem seu exterior em estilo românico e maravilhosa talha dourada em seu altar – bem singelo.
Em frente à Sé, há a Pastelaria Gomes, bem típica da cidade, onde se pode comer um sanduiche sem grandes pretensões, mas com toda a graça e criatividade.
Depois fomos à Casa de Mateus, lendária produtora dos vinhos Mateus Rosé de nossa juventude. Fica a 2km de Vila Real e é imperdível. A beleza do conjunto arquitetônico barroco e de seus jardins vale com certeza a visita.
De lá seguimos até Peso da Régua, distante 15minutos. A paisagem já começa a nos dizer o que vem adiante. Régua não é um povoado bonito, fiz bem em não querer pernoitar lá. Optei por um hotel que fica ao lado de Régua, a Quinta do Vallado. Esta é uma quinta que pertenceu à lendária Dona Antonia Ferreira, o grande nome da viticultura do vinho do Porto no século XIX e que, ainda hoje, pertence a seus descendentes.
A Quinta tem produção discreta, em quantidade, mas seus vinhos são muito bem cotados no mercado. Na casa, original do século XVIII, há 5 quartos para hospedagem e uma linda capela. Ano passado, foi inaugurada um anexo com 10 quartos, de arquitetura moderníssima e decoração idem, onde dormimos uma noite. O hotel é fantástico e o atendimento da Claudia Ferreira e Julia Sampaio, impecáveis.
No dia seguinte, um funcionário nos levou para uma visita à cave, recém inaugurada: nem precisa dizer que é tudo muito contemporâneo.
Por que não passamos as três noites por lá? Porque o hotel tem vista para o rio Corgo, afluente do Douro, que é um riacho bem menor e eu sabia que teria vistas mais impressionantes e com maior perspectiva, se dirigíssemos adiante, em direção a Pinhão. De qualquer forma, recomendo muito o hotel Quinta do Vallado, assim como jantar no restaurante Castas e Pratos, maravilhoso. Ele fica nos antigos armazéns da estação de trem de Régua – ambiente bacanérrimo, super contemporâneo, com comida divina. Faz parte da minha lista de imperdíveis!
Mais um glorioso dia… Nele, visitamos Lamego, que fica pertíssimo de Régua. É uma cidadezinha muito simpática, com muito pra ver e que tem um acervo barroco bem importante. Seu atrativo principal é o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, com sua escadaria barroca revestida com painéis de azulejos e com vista privilegiada da cidade. É outro “imperdível”. A Sé também merece uma visita, por ser um fantástico exemplar da arquitetura manuelina, o gótico português do tempo das grandes descobertas marítimas.
À tardinha, seguimos em direção a Pinhão, margeando o Douro. Aí começou a grande emoção: dia lindo de sol, aliás assim foi toda nossa temporada em Portugal, o rio imponente e silencioso ao mesmo tempo, e aquelas encostas com vinhas a perder de vista, trabalhadas em patamares ou em fiadas, morro acima, com as deslumbrantes plantações. E ninguém à vista, só alguns carros que seguiam pela estrada, de vez em quando. Muito impressionante!
Ficamos nossas duas últimas noites no Hotel Quinta do Pégo, que pertencente a um negociador de vinhos da Escandinávia, à beira do Douro e 20 minutos à leste de Régua. Peçam um quarto com a melhor vista possível e curtam o visual. O hotel fica no meio das vinhas e novamente o atendimento é excelente e acolhedor. Uma das funcionárias, Andrea, foi uma querida, e nossa companheira de papos enquanto sentávamos no pátio para um drink. Nada é mais impactante do que a vista que se tem, neste hotel, em todos os ambientes. O que acham?
Como o Pégo também é um hotel pequeno, com dez quartos, o jantar é combinado com as funcionárias, sem cardápio, conforme os ingredientes do dia e nossa vontade.
Nesta região há uma opção fabulosa para almoço ou jantar: o DOC, restaurante do maior chef da gastronomia portuguesa, Rui Paula, que fica entre o Pégo e Régua, a uns cinco minutos de carro do hotel: Sobre o Douro e com uma arquitetura surpreendente, pareceu-me que estávamos em New York. E a gastronomia lá é tão badalada que vem gente do Porto só para almoçar ou jantar. Mais um dos imperdíveis.
Nos dois dias que passamos no Pégo, passeamos muito de carro pelas “vicinais” da região. Optamos pelo carro, ao invés do barco, porque assim poderíamos bisbilhotar estradinhas com vistas surpreendentes. Fomos a Pinhão, que é bem pequena mas tem de importante a estação de trem, com os painéis de azulejos que retratam todo o processo viticultor do passado.
De lá fomos até Sabrosa, que eu recomendo muito pelo visual que se tem na estrada entre vinhas e montanhas. Esta não é uma rota turística e, a partir de Pinhão, há setas indicando Sabrosa que é a cidade do grande navegador Fernão de Magalhães. Um vilarejo simples, mas bem interessante. Vale o passeio, principalmente pelo encanto da paisagem trabalhada pelo homem”. MS