Graças ao bom Deus, amigas queridas e super generosas “transformaram-se” em “olheiras” chiquérrimas pra nos contar o que viram de divino, em suas andanças carnavalescas. E, por uma dessas incríveis coincidências, todas elas escolheram a França e de lá mandaram notícias maravilhosas.
Começo com uma exposição bárbara e super diferente que acontece em Paris, pois tem prazo de validade. Com conteúdo e continente peculiares que a diferenciam das demais, foi vista pela muito querida Elza Pereira e seus olhos de lince, que a classificou como espetacular.
Falo do encontro “sui generis” do emblemático artista plástico chinês Ai Weiwei e a loja de departamentos, igualmente especial, “Le Bon Marché”. É a maior exposição dele na França onde “apresentou-se” pela última vez em 2012, numa mostra que bombou no Jeu de Pomme.
Famoso por expôr suas instalações em espaços não convencionais, Weiwei ocupou as vitrines do “Le Bon Marché” e seu imenso vão central e que atinge todos os andares da loja: “Child’s Play” (ou “Er Xi”) (ou “Brincadeira de Criança) além de encher os olhos encanta pela montangem.
Para concebe-la, o artista inspirou-se no texto “Shan Hai Jing” ou “Um Clássico de Montanhas e Mares”, deslumbrante coletânea de fábulas infantis chinesas do século IV AC e que foi transmitida para as crianças do seu país, ao longo dos milênios, pela tradição familiar até a revolução de Mao-Tse-Tung no século XX, quando os contos foram proibido: Weiwei quiz relembra-lo então, em grande estilo!
Estrelada polos seres mitológicos tirados destes contos antigos, a exposição transforma quimeras, monstros e dragões em deslumbrantes esculturas de tamanhos diversos, feitas de bambu e seda branca, e que ganharam semelhança com as fantásticas pipas chinesas, que deslumbram a todos com sua beleza. Para produzir estas criaturas fantásticas, mais um detalhe mágico: Weiwei contou com a preciosa ajuda de tradicionais especialistas artesãos chineses, da Província de Shandong.
A mostra encanta pela magia do tema infantil repaginado para agradar a todas as idades, mais referências à história da vida do artista. Dividida em 3 partes, ela começa na vitrine da loja, na Rue de Sèvre, com 10 criaturas fantásticas dispostas e devidamente ilustradas por texto contemporâneo com alusões à vida de Weiwei, cuja família e ele próprio lutam pela democracia plena na China, há quase um século.
Dentro do prédio, personagens mitológicos flutuam sobre a seção de cosméticos enquanto um dragão de 20 metros de comprimento descansa sua beleza no andar térreo, ao longo do corredor principal e por aí vai: o impacto visual é monumental!
Como nada é perfeito, o senão é que toda esta maravilha foi montada para comemorar a “White Sale” da loja, isto é, a “liqui” de inverno, que acaba domingo! Portanto, quem estiver em Paris, venta pra Rive Gauche atrás da “Era da Inocência” chinesa e toda sua magia… E pra nós, que estamos longe da linda Paris, temos o 40 Forever pra nos mostrar… BN