Continuando nosso périplo turco, chegamos à terra de São Jorge.
Lugar de topografia única, visual avassalador e história instigante, a Capadócia é sempre o pomo da discórdia, quando monta-se um roteiro para a Turquia. Pois queres o meu conselho, finque pé, esperneie mas não deixe de visitá-la. Na volta, você vai ter certeza que sua viagem não seria a mesma, se a tivesse pulado.
Capádocia era a “terra dos cavalos bonitos”, para os persas que lhe deram este nome, mas a nossa primeira exclamação vai mesmo para a paisagem indescritível, que nos acompanhará por toda a nossa estada e em cada palmo do seu chão.
De formação vulcânica, magicamente esculpidas pela erosão, as rochas de lá parecem de livro de contos de fada, tipo “João e o pé de feijão”. E, não por acaso, as mais exóticas chamam-se “Chaminés de Fadas”. Ficam quase que amontoadas, compondo um espetáculo estranhamente lúdico de tirar o seu fôlego.
Para conhecer, razoavelmente, a região, são necessários dois dias e meio dedicados, integralmente, à missão: a primeira vez que estive por lá, voamos de Istambul (saímos às 7 da matina) para Kayseri (onde pousamos 8 e tal). No aeroporto, já nos esperavam van+guia que passaram o dia conosco e nos depositaram no hotel, no final da tarde. Mais todo o segundo dia e a manhã do terceiro, quando aconteceu o obrigatório vôo de balão: ao meio dia embarcamos de volta para Istambul. Na segunda vez, chegamos à noite e fomos direto para o hotel. Dia sequinte, às 10 hs, já estávamos no carro para nosso tour que durou dois dias inteiros e conhecemos o basicão da Capadócia. No terceiro dia, balão e avião ao meio dia.
O que é o basicão?
– A topografia maravilhosa, que vemos enquanto nos locomovemos de um lugar pro outro. Indispensável passar por Ürgrüp, a central das “Chaminés de Fadas”.
– As igrejas esculpidas nas rochas. Como são centenas, tendo que escolher, priorize as de Göreme e as do Vale de Soganli. Todas elas foram esculpidas e eximiamente pintadas pelos cristãos que foram pra região, à partir do século IX DC. Os afrescos são deslumbrantes e é impossível não se pensar no maravilhoso “Quatrocento” italiano conectado à Capadócia!
– As cidades subterrâneas são outra atração única deste lugar surreal, literalmente. Desde os tempos pré históricos, os sucessivos povos que habitaram a região construíram ou ampliaram em torno de 150 cidades debaixo da terra. Cada uma delas é formada por câmaras conectadas por túneis que acabaram formando labirintos gigantescos e algumas chegam a ter oito camadas em direção ao centro da terra. Visitei a de Kaymakli e a de Özkonak. É um passeio sensacional que você deve fazer com a calça jeans mais surrada pois, pra descer pelas galerias e sentir-se um capadócio, vais ter que se arrastar pelo chão de terra, um bocado.
– A cidade hitita de Bogazkale é uma opção de passeio pra quem tem mais meio dia livre. Vale a ida!
– Deixe seu medo de voar, em Istambul, e faça o passeio de balão. É simplesmente maravilhoso e fecha sua temporada, em grande estilo: só de cima você tem a visão do Paraíso de Dante e da Capadócia!
Já está cansado de tanto turismo? então chegou a hora do relax e dos hotéis deliciosos que nos esperam, cheios de atenção pra nos dar!
Voltando àquela história das duas viagens, da primeira vez era verão e fiquei num “hotel butique” bacanérrimo, Anatolian Houses, que juntava um projeto arquitetônico arrojado e totalmente integrado à natureza. Sendo que meu quarto era, literalmente, dentro de uma das formações rochosas locais: me senti uma espécie de Wilma Flintstone! Detalhe: tinha dos melhores SPA ever e uma comida deliciosa.
Este ano, em pleno inverno e a região estonteantemente linda e inteira nevada, fiquei no badalado The Museum, um hotel mínimo e chique de doer, onde todos te chamam pelo nome, os requintes são indisíveis e a comida é um must. Noves fora a vista deslumbrante, incluindo a dos quartos, para o vale de Göreme, aonde os balões decolam e pousam: levei um baita susto ao abri a janela, de manhã, e dar de cara com um céu azul de doer e coalhado de balões!
Pra terminar, duas ponderações:
– Diferente de Istambul, a Capadócia é estarrecedora, de tão linda, no inverno e debaixo de neve. Não sei explicar científicamente mas, nesta época, ela fica “double face”: um lado todo branco de neve e o outro da cor da rocha que a compõe. Vento abençoado este… Não deixe o frio te espantar!
– Acho impossível, pra qualquer forasteiro, princialmente com o tempo contado, ficar por lá, um segundo sequer, sem a ajuda de um guia/ motorista. A paisagem, apesar de dinâmica, não tem referências e as atrações principais são debaixo da terra. Barato que sai caríssimo: vim com o guia, já no avião!
No mais, daqui a alguns meses ficaremos realmente experts em Turquia: vem aí a minha musa Glória Peres e seu “Salve Jorge”. BN
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