Que presente abençoado recebemos de nossa querida Suzel Rosman! Além de amiga e ser humano espetacular, ainda é uma brilhante advogada!
Ela nos conta a viagem que acabou de fazer à Terra Santa! Uma aula de fé, de história e de esperança!
Muito obrigada querida, nós do 40 Forever agradecemos muito sua generosidade em dividir essa experiencia esplendorosa conosco!
AC
“No dia que cheguei da Terra Santa, fui a um almoço nordestino na casa de uma amiga e encontrei a Ana Cecília, daí a razão desse post. Naquele dia o avião chegou uma hora mais cedo do que o previsto e às nove e meia da manhã eu já tinha corrido praticamente a volta da Lagoa, ido à Missa e votado no nosso Prefeito. E ainda assim eu estava com a sensação de que me sobrava energia para fazer muito mais. Vai ver que toda essa energia veio comigo de Jerusalém; que toda essa animação tem um nome e esse nome (como diz uma das várias músicas que a Clara Magalhães canta com tanta emoção) é Jesus.
E realmente uma das coisas que mais me surpreendeu na Terra Santa foi imaginar Jesus subindo e descendo em todas as direções, em regiões tão áridas e pedregosas, andando por leitos de rios secos, num calor que mesmo agora, no outono, é quase insuportável. A simplicidade e a precariedade da vida naquelas condições, a quantidade de grutas que foram habitadas (e realmente, dentro das grutas, a temperatura é muito agradável e estável), as oliveiras à sombra das quais o simples descanso é um grande prazer, tornam a viagem à Terra Santa uma viagem no tempo, para dois mil anos atrás.
A quantidade de peregrinos das três grandes religiões monoteístas – judaica, cristã e islâmica -, é ao mesmo tempo comovente e confusa. O número de pessoas é tão grande que parece difícil “entrar no clima”. Mas mesmo no meio de tanto barulho, flashes de máquinas fotográficas e garrafas de água (todo mundo segura uma), há momentos em que o Sagrado se apresenta com tamanha força, que a gente se sente muito pequeno no meio de tanta grandeza. E outras vezes é a postura reverente de um peregrino, a devoção de muitos outros, as orações faladas ou cantadas, que nos deixam com uma sensação especial de que é um privilégio poder estar ali, junto com tanta gente de fé, e que Deus é o mesmo para todos nós, não importa qual a religião.
É muito interessante ver, em Jerusalém, que muitas vezes os lugares santos são os mesmos para mais de uma religião (inclusive, para as três grandes). Vejam só esse exemplo: o muro das lamentações, que é apenas uma fração pequena do antigo Templo de Salomão que foi reconstruído por Herodes – e ao qual Jesus foi muitas vezes – sustenta, por assim dizer, a Esplanada do Templo, que também é local sagrado para os muçulmanos e onde eles construíram uma mesquita sobre o domo da rocha. Foi nessa rocha – segundo a tradição – que Abraão, ao oferecer em sacrifício seu filho, como prova do seu amor a Deus, recebeu do Senhor o comando de poupar seu filho e oferecer um animal em troca. E foi dessa mesma rocha, segundo a tradição dos seguidores de Maomé, que o fundador do islamismo foi levado aos céus e recebeu a revelação de Deus que consta do Alcorão. O domo da rocha está fechado para a visitação, só entram muçulmanos. Já na Esplanada do Tempo todos são bem vindos, mas duas curiosidades: ninguém pode levar cruzes, seja no pescoço ou mesmo nas bolsas ou mochilas, ao entrar na Esplanada. E tanto na entrada do Muro das Lamentações como da Esplanada do Tempo (onde há controle igual aos dos aeroportos) há diversos soldados armados, todos parecendo ter no máximo dezoito anos.
O Padre José Maria, dos Legionários de Cristo, incansável na sua missão de guia espiritual e ao mesmo tempo querendo mostrar tudo ao nosso grupo, realizou missas diárias, sempre em locais muito especiais e nos levou a todos os lugares santos! Confesso que foram tantas Igrejas, tantas grutas, tantas ruínas, tantos caminhos, que só agora, ao fazer o álbum da viagem, é que vou tentar – e para isso terei que contar com a memória prodigiosa do meu marido – fazer a relação foto e local. Até em Cafarnaum, onde morava Pedro e os primeiros apóstolos, nós fomos…
Começamos a viagem por Petra, que é inacreditável e que as fotos – por melhores que sejam – não conseguem passar a sua grandiosidade, apesar de mostrarem a sua total aridez.
Passamos depois pelo Monte Nebo, de onde Moisés avistou a Terra Santa, mas morreu logo depois, nunca tendo chegado à Terra Prometida. Dali fomos a Tibérias, às margens do Mar da Galiléia, que foi nosso refúgio por três dias e da onde fomos visitar uma série de lugares. E aqui, duas outras curiosidades: o Mar da Galiléia nada mais é do que um lago, o Lago de Tiberíades. Numa região em que a água é um milagre, aquele lago que deve medir umas doze Lagoas Rodrigo de Freitas parece mesmo um mar… Aliás, com uma água cristalina e de uma temperatura irresistível. Nosso hotel em Tibérias ficava na beira do Lago e apesar dos poucos horários permitidos para o banho e da intensidade da programação, conseguimos aproveitar uma meia hora de banho “de lago” às seis e meia da manhã, já com um sol muito quente. E numa das tardes da Galiléia, ao invés de irmos a um dos locais de Missa (naquele dia ela foi realizada no Monte das Bem Aventuranças), pegamos um barco, do tipo bem antigo, para atravessar o Lago e qual não foi a nossa surpresa quando a capitã do barco hasteou uma bandeira do Brasil e colocou, para tocar, o Hino Brasileiro. Nosso grupo inteiro se levantou e cantou! E a música seguinte foi “Jesus Cristo”, do Roberto Carlos. Choros à parte (e foram vários os momentos da viagem em que muitos de nós soluçamos mesmo), foi um momento emocionante imaginar que Jesus, naquele mesmo Mar, andou sobre as águas e fez Pedro e seus outros apóstolos pescarem uma quantidade de peixe inimaginável.
Da Galiléia fomos para Jerusalém. Ficamos no Hotel Notre Dame, que é do Vaticano e onde o Papa fica, quando visita a Cidade. Fica em frente a um dos Portões da Cidade Murada de Jerusalém (a parte antiga), a menos de oito minutos, a pé, do Santo Sepulcro, da Via Sacra e de todos os vários setores da cidade intramuros.
Ficamos em Jerusalém por seis dias, numa programação que invariavelmente era superior a 12h diárias. Fomos à gruta de Elias, o mais tremendo dos profetas do Antigo Testamento. Fomos a Belém, visitar a gruta onde Jesus nasceu e outra curiosidade: Belém está sob jurisdição palestina e apesar de ser muito próxima de Jerusalém, só se pode entrar na Cidade mostrando passaporte. E a nossa guia, que era judia, teve que ficar antes da “fronteira”, pois em Belém ela estava proibida de entrar. Fomos a Nazaré, no local da Anunciação, à Basílica da Visitação (local do nascimento de São João Batista), ao Cenáculo (onde, pela tradição, realizou-se a Última Ceia), à Igreja da Agonia, que fica ao lado do Horto das Oliveiras (onde Jesus rezou logo antes de ser traído por Judas e ser preso), à casa de Caifás (onde Jesus ficou preso antes de ser julgado e condenado), ao Lithostrotos (parte do Pretório, onde Jesus foi humilhado, machucado e coroado com uma coroa de espinhos). Percorremos a Via Dolorosa e chegamos ao Calvário e ao Santo Sepulcro.
Durante a nossa estada na Terra Santa, o Padre José Maria fez a nossa renovação dos votos do Batismo, nas águas do Rio Jordão. E lá vimos talvez uns trezentos brasileiros (acho que evangélicos) vestindo túnica branca e mergulhando no Jordão, dividindo o espaço com uns peixes até bem grandinhos. Nós preferimos nos batizar de roupa mesmo, ali na beira do Rio. E todos trouxemos água do Rio Jordão para casa. Alguns para batizar netos, outros para a renovação dos votos de batismo dos amigos católicos.
O Padre também renovou nossos votos matrimoniais em Canaã, exatamente no mesmo lugar onde Jesus, a pedido de Nossa Senhora, realizou o seu primeiro milagre. E não posso deixar de registrar que esse “novo casamento” foi feito no final do dia, quando já estávamos suados, empoeirados, cansados. Havia sério risco dos maridos não quererem renovar os votos vendo as mulheres naquela situação. E ainda por cima, chorando! Mas tivemos um monte de madrinhas maravilhosas, pois nem todos os maridos puderam acompanhar as suas mulheres à peregrinação à Terra Santa.
E o grupo da viagem foi, realmente, sensacional. E do começo ao final, almoçando e jantando juntos (várias vezes em bandejão, para o desespero dos que gostam de comer bem, mas afinal era uma peregrinação), com a mesma alegria, o mesmo companheirismo, a mesma cumplicidade, seja na divisão de água, na partilha das maravilhosas tâmaras, na divisão de leituras das missas e inclusive no “chororô”. E olha que o grupo já estava se reunindo dois meses antes da viagem, para jantares semanais, logo após as aulas do professor Francisco. E ainda vamos nos reunir na fazenda de uma das integrantes do grupo para sessão de fotos!
Além de todas as visitas aos lugares religiosos, conseguimos fazer quatro programas fora do roteiro religioso: a visita ao Museu de Israel, cuja própria arquitetura e esculturas a céu aberto são um “must go”; o espetáculo de som e luz, numa das fortalezas de Jerusalém, contando a história de sucessivas destruições e reerguimentos da cidade santa; o banho no Mar Morto, com direito a lama retirada do fundo para ser passada no corpo todo, flutuações e muitas gargalhadas; e os passeios de bicicleta em Tel-Aviv.
Mas os lugares mais emocionantes, para mim, foram a gruta onde nasceu Jesus, o Santo Sepulcro (onde está localizado o local em que a cruz foi encravada na rocha, o local em que o corpo de Jesus foi lavado, antes de ser enterrado e o Sepulcro propriamente dito (tudo dentro da mesma Igreja, dividida em setores entre diferentes grupos cristãos e cuja porta é aberta e fechada, todos os dias, por uma família muçulmana, que recebeu essa incumbência do Sultão, diante de tantas brigas que ocorriam entre os cristãos) e o Horto das Oliveiras.
Fui ao Santo Sepulcro todos os dias, porque tive um impacto muito forte na primeira vez que ali entrei e era muito perto do Hotel. Ao longo dos dias fui ficando muito feliz de voltar àquele lugar sagrado. Não só porque cada vez tinha uma missa diferente ali, toda cantada, mas também porque foi o local onde pude ver mais cristãos rezando; e o mais importante: porque Jesus não está enterrado ali! Afinal, Ele ressuscitou. Aleluia!
Em todos esses lugares a música que vinha sempre à minha cabeça – e cantamos em várias oportunidades – é aquela que a Clara Magalhães (sempre a Clara!) costuma cantar nos ofertórios das Missas das quais ela participa: “Jesus está aqui, tão certo como o ar que eu respiro, tão certo como o amanhã que se levanta, tão certo como eu te falo e podes me ouvir”.
Nunca mais vou ouvir uma leitura nas Missas sem me transportar para os locais em que tudo aquilo que os Evangelistas contam na Bíblia, aconteceu. Seja como for, fui atrás das pegadas de Jesus numa peregrinação com os amigos, tendo como guia espiritual um padre, uma guia turística judia e um motorista muçulmano. Um turbilhão de emoções várias. E a certeza de que Jesus é incansável e continuará vindo sempre ao nosso encontro, para caminhar ao nosso lado. A viagem acabou (apesar de parecer que fiquei viajando durante meses). Mas é daqui para a frente que vou poder perceber no que é que a visita à Terra Santa vai poder modificar – para melhor – a minha vida.”
SUZEL ROSMAN para o 40 FOREVER
AC