Vocês conheceram a minha rotina , quando tenho que “alimentar” poucos, no post anterior. Neste, conto como faço quando tenho que receber muitos (que no meu caso, significam 40 pessoas, no máximo ).
OPÇÃO 1: Adoro o cardápio de buffet à moda antiga, que segue as regras sábias do tempo do onça, servindo a todo mundo, atendendo a cada um:
– Canapé:
3 quentes e 3 frios
– Comidas salgadas:
1 Prato do mar: peixe ou frutos do mar
1 Prato de carne
1 Prato de ave
1 Massa
1 Prato pra quem está de regime ( simplifico, fazendo ou o peixe ou a carne atendendo a esta necessidade)
Salada
Acompanhamentos que sirvam a todos.
– Sobremesas:
3 variedades de doces, de naturezas diferentes.
1 Prato de frutas, lindamente arrumado (antigamente, frutas era só no almoço, mas ainda bem que este crime prescreveu).
OPÇÃO 2: Amo também quando o cardápio é baseado em um destes pratos generosos, que só atendem a muita gente e com louvor, como o cozido, feijoada, picadinho ou cassoulet, os intransitivos, lembram? Não precisam, em tese, de mais ninguém. Mesmo assim, tenho sempre uma massa e uma salada a postos.
Para sobremesa, sigo o esquema formal da opção 1 ou faço uma brincadeira, tipo variações no mesmo tema. Por exemplo, servir em uns 6 tipos de doces como compotas de frutas, bananada, goiabada puxa-puxa, doce de abóbora, de coco, etc, acompanhados de 3 tipos de queijos que combinem. Mais o prato lindo de frutas.
OPÇÃO 3: Esta é híbrida. Quando quero fazer um prato menos pop tipo rabada, dobradinha, moqueca, aí faço uma opção de peixe e acompanhamentos, no caso da rabada e dobradinha, ou um de carne e acompanhamentos, no caso dos frutos do mar.
Para sobremesa, as opções 1 ou 2 vão muito bem.
OPÇÃO 4: Gosto muito de um buffet temático tipo comida árabe, japonesa, chinesa, portuguesa, baiana, mineira, etc. Neste caso, mando ver e cubro a mesa de iguarias da especialidade escolhida.
Para sobremesa, sigo o mesmo rumo escolhendo as especialidades da região escolhida.
OPÇÃO 5: É a que você estiver acostumada, a prata da sua casa. Faça-a com todo carinho, uma certa coordenação e corra para os aplausos: esta fórmula não tem erro.
ALGUNS DETALHES:
– Chamo de “buffet”, o tradicional sistema de dispor toda a comida em cima de uma só mesa, geralmente a de jantar;
– Uso este sistema, quando o número de convidados é maior do que o dos lugares à minha mesa;
– Evito ao máximo, quando sirvo a refeição sem apoio de uma mesa, pratos que precisem de um certo esmero para serem comidos. Nestes casos, quanto menos faca, melhor.
Como bem diz minha sábia mãe, Sonia Bittencourt, educação é uma questão de generosidade e as regras de etiqueta baseam-se no uso do bom senso: precisaremos dele, a seguir, pois hoje vou falar sobre cardápios e como os faço, no dia a dia, ou quando tenho poucos convidados.
Comecemos pelo diário.
Quando vou às compras semanais de hortifruti e supermercado, levo um bloquinho onde anoto os menus que monto na hora, de acordo com os produtos que comprei. Assim, saio do mercado com toda comida semanal organizada e acabo gastando menos, pois levo somente o que será consumido (tirando o basicão, é lógico).
Como toda família almoça espartanamente, compenso este sacrifício com um jantar frugal ma non troppo, seguindo sempre a mesma fórmula:
– Entrada: sopa, pra lá de light;
– Segundo prato: 1 Proteína + 1 Legume + 1 Carboidrato + Salada;
– Sobremesa: Fruta.
Desta maneira, a refeição fica balanceada, contendo todos os tipos de alimentos que necessitamos.
O truque é caprichar no tempero caseiro, cozinhar da maneira mais simples e saudável, variar os ingredientes e menus, não esquecendo de sempre fazer uma novidade: oi livros de receitas, não vivo sem.
Detalhe: é no diário que treino, com a maravilhosa Irene, os novos pratos que fazem minha família não entediar-se com à mesa, sendo que eles também nos servirão, em dia de visita.
Mas quando tenho convidados, para uma refeição sentada, dou uma incrementada no esquema acima e monto o cardápio assim:
– Salgadinho: 1 frio e 1 quente;
– Entrada: algo que seja divino mas que não nos sacie, pois vamos seguir em frente. Falo de pratos tipo sopa, suflê, musse, pudim, torta, empadinha, panqueca, um legume especial como a alcachofra, “una pasta da mamma” ou o que a sua fértil imaginação produzir.
– Segundo prato: escolho, pra começar, a famosa “pièce de résistance”, ou melhor, a estrela do dia e o resto gira em torno. Pode ser um peixe, uma carne, uma caça ou uma ave, acompanhados de acordo com seu paladar, por um legume, um carboidrato ( arroz, massa, uma raiz tipo batata, aipim, inhame ou ainda quinoa, cuscuz, farofa, etc) e uma salada de folhas variadas, com um belo tempero.
– Sobremesa: Procuro fazer sempre dois doces e um prato de frutas. Mas às vezes, complemento uma só sobremesa com aqueles docinhos que vocês já cansaram de ver, nas fotos.
– Pra terminar, café ou uma infusão caseira.
ALGUNS DETALHES:
– Tudo D.O.C. (de origem caseira) é mais saudável e elegante, por isso tento fazer tudo que posso em casa.
– Sempre procuro montar meus cardápios com pratos que já estamos acostumados a fazer, para evitar as “zebras”, nunca esquecendo que brasilidade é “um must”. Nossa gastronomia é rica e saborosa;
-Comida caseira bem feita é uma verdadeira delícia e chiquérrimo. Muito melhor que um prato complicado e mal feito;
– Evito repetir ingredientes e a natureza do prato. Assim se um salgadinho tiver queijo, ele não aparecerá mais na refeição. Se fizer um suflê de entrada, não posso repetir na sobremesa ou se tiver empada pra começar, evito outra massa no segundo prato. Se uma sobremesa for de chocolate, faço a outra de ovo, frutas, etc.
– É meio demodê mas acho harmonioso: tento não repetir as cores das comidas;
– Comida de almoço pode ser sempre mais pesada que a do jantar. Assim, servir uma rabada, dobradinha, cozido ou feijoada à noite eu evitaria;
– A estação do ano também é muito importante: Saladas elaboradas são perfeitas pro nosso verão assim como suflês e caças combinam mais com o friozinho;
– Tenho sempre um plano B preparado, no caso de meu convidado ter alguma alergia ou não comer de tudo. E por falar nela, evito fazer frutos do mar, por exemplo, ingrediente que muitos são alérgicos, como minha única opção.
– As regras devem ser adaptadas, de acordo com as circunstâncias: se você for a rainha do cozido ou do picadinho, esqueça a entrada e faça apenas um prato, no capricho, que vai abafar. São comidas intransitivas, que não necessitam de preâmbulos.
Assim, algumas anfitriãs requitadíssimas, no verão, em vez de cumprirem este ritual dos três pratos (entrada, prato principal e sobremesa), fazem três entradas leves mais sobremesa e que, quando somadas, eqüivalem ao esquema tradicional: é o bom senso atuando.
– Seguindo o raciocino acima, se sirvo um nhoque de entrada, por exemplo, procuro compor um segundo prato mais leve e vice versa, para a plenitude final ficar parecida.
– Como minha mesa de jantar é muito espremida, recorro a “empratados”. Não é o ideal, mas é a minha realidade. Mas só para entradas e sobremesas. O segundo prato, sempre sirvo em travessas, para que possamos repetir: generosidade à mesa é sempre bem vinda. Procuro rearrumar as travessas para o segundo “round”: capricho também é indispensável, nas refeições.
– Tenho um caderno onde anoto os detalhes de cada almoço e jantar, incluídos aí menus e os convidados: para que eles não comam sempre o mesmo, quando vierem por aqui.
– Mas o melhor mesmo é fazermos tudo caprichado, com o coração e do nosso jeitinho: esta é a fórmula da verdadeira elegância. BN