UM MIRABEL E DUAS INFÂNCIAS…

 

O post do Instagram que me inspirou…

 

Outro dia, vendo um nostálgico comentário no Instagram de minha filha, Maria Teixeira de Mello, provocada por um Mirabel, realizei que talvez Julio Verne e seu túnel tivessem razão: será que existem camadas de tempo, sobrepostas horizontalmente, e o mesmo pacote de biscoito, conectando-as na vertical?

 

Este abraço delicioso e o Mirabel a nos unir!

 

Porque, como a Maria, esta guloseima anciã também mexeu comigo, revelando mofadas lembranças acomodadas, no fundo do meu baú de ossos, que há tempos não vistoriava, por conta do correr desta vida, que insiste em ter pressa.

 

Como num passé de mágica, saía da merendeira de Bárbara o lanche dos meus sonhos…

 

Bárbara Patrícia… quem diria, ressurgiu das trevas do meu inconsciente, igualzinha como a deixei, nos anos 70. Menina linda, garbosa, melhor aluna da sala, do severo Colégio Teresiano. Naquela época, não concebia a existência sem admirá-la, sempre de longe, pois nunca ousei importunar a primeira musa fashion de minha vida, com sua inesquecível merendeira de metal e seus cadernos impecáveis, repletos de capricho e beleza, onde pontificava uma letra lindamente desenhada por pilots de todas as cores, com a função de seduzir tanto as professoras quanto o meu deslumbrado olhar…

 

No meu encantamento por todo o “Mundo de Bárbara”, nada é por acaso, assim eu via seus cadernos…

 

Mas voltando à merendeira, ela era retangular, tipo uma mini mala dura, onde brilhavam a boneca Barbie e sua longa cabeleira loura, idêntica à de Bárabara, numa versão morena. Eu achava aquilo tudo um conto de fadas live: a merendeira, sua dona e o ritual diário, na hora do recreio, da abertura da mesma, de onde saía, como num passe de mágica, o melhor lanche que já tive notícia. Sempre com um ícone salgado da gastronomia “junk”, que ia de cachorro quente Genial à sanduichinho de pão de miga, dois ítens nunca faltaram “em sua mesa”: a garrafa de mini coca-cola e o pacotinho de Mirabel, sabor chocolate, o meu preferido.

 

Esta é a versão século XXI da inesquecível merendeira de Bárbara Patrícia… Ou de como eu a via!

 

Já que estamos tratando de sonho, lembranças, infância, mágica, digamos que ela fosse parecida com esta…

 

E eu, sentada num canto da sala, lugar reservado às problemáticas para comer, encarava o meu quinhão com a dificuldade dos que presumem que o Paraíso é inatingível: leite batido com Vitavena, sabor morango (credo) e sanduíche de filet, que àquela altura já beirava a temperatura de um sorvete… Era o que havia de mais saudável, no manual alimentar da época, que minha cuidadosa mãe seguia à risca, sem suspeitar que um “it lanche” mexeria comigo ao ponto de ser assunto, pra desespero de vocês, quarenta anos depois!

 

 

Desabafo feito, deixemos a nostalgia de lado e louvemos o delicioso Mirabel, que atravessou as décadas com a mesma galhardia e tornou-se, de novo, para deleite das gerações, uma figurinha fácil nas prateleiras das boas lojas do ramo. BN

 

Delícia das delícias, encantando gerações!

 

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