Meu “blind date” com Salzburg acabou em casamento, juras de amor eterno e uma vontade louca de voltar!
“Reino do Sal” no coração da Europa, de onde tirou seu sustento e pontificou como cidade-estado por séculos, Salzburg parece saída de um conto de fadas. Sem ponte levadiça mas com um entorno feérico de montanhas mágicas, que separam o céu mais azul do verde vivíssimo que a deslumbrante vegetação de bosques e relva imprime em seu sopé, os dias de verão, por lá, são de tirar o fôlego. Assim, até nós forasteiros, sentimos um certo “orgulho-cívico” por pertencermos, mesmo provisoriamente, àquela atmosfera única e inesquecível.
É uma delícia flanar pela cidade de Mozart, suas ruelas interligadas por passagens quase secretas, aonde nos perdemos para reencontrar nosso rumo em outra praça linda e igualmente florida, com as jardineiras mais bem servidas que já vi na vida: as fachadas das casas austríacas são um show à parte. Portanto, a primeira providência turística é deixar a vida te levar, pelo labirinto de Salzburg!
Território urbano conhecido e reconhecido, aconselho passear pelas redondezas que vão da lindíssima Baviera ao romântico Tirol. Repleto de atrações naturais, geográficas e históricas, o ponto alto do seu passeio vai ser mesmo a beleza da região, com milhares de rios e lagos límpidos e cristalinos, escondidos a cada curva do caminho, um abastecendo o outro numa simbiose aquática impressionante. Mais a bucólica cadeia alpina, definindo o céu com delicadeza, bosques e campos de flores silvestres de todas as cores, tudo isto somado invadindo, sem pedir licença, nossos incrédulos olhos.
Única queixa, para a defesa do consumidor: a famosa Edelweiss, flor símbolo da Áustria, diferente do que nos cantou o capitão Von Trapp, é uma verdadeira prima donna e se esconde como ninguém…
Mas tudo isto é moldura pro que me levou à cidade: o Festival Anual de Verão de Salzburg, aonde por cinco semanas temos o privilégio de ver e ouvir o que há de melhor na música clássica e ópera. As grandes orquestras, os melhores solistas, os cantores do momento, apresentando-se dentro e fora dos palcos, pois a cada esquina esbarra-se com algum ídolo musical, ao vivo e a cores!
A elegância da platéia é um capítulo à parte, por lá todos capricham à sua maneira: amei ver as lindíssimas austríacas, com suas roupas típicas, versão dia de festa. As estrangeiras, alinhadérrimas, também enfeitam o ambiente, sempre apropriadamente vestidas: é uma curtição vê-las desfilar seus lindos vestidos black tie, quando o espetáculo é à noite. Mas quem não aderir, nenhum problema, em Salzburg o que vale é sermos felizes e nos sentirmos bem!
A noite salzburguense é alegríssima, os restaurantes fervem, especialmente os situados nas cercanias dos teatros. Lá, artistas misturam-se aos clientes, depois de suas performances: uma satisfação para os olhos, uma festa pra o espírito.
Não posso terminar meu relato sem mencionar o privilégio que tive em viajar com o Professor Rafael Fonseca. Especialista em história da música clássica, ele e sua empresa de acontecimentos culturais, a VIRA, organizou toda nossa viagem, escolheu os espetáculos que vimos, a dedo, conseguindo lugares esplêndidos. E o melhor, antes de cada um deles, fazia palestra para já chegarmos ambientados. Luxo total! BN