Maritza Orleans e Bragança é uma grande paisagista e está fazendo uma exposição com uma proposta que adorei, pois ela faz uma perfeita dobradinha de paisagista, escultora e poeta. A idéia é genial, nada mais in e chic que esculturas em jardim, e as suas, misturadas com metal e plantas são deslumbrantes. Elas podem ser espalhadas em um gramado gigantesco, assim como numa varanda de apartamento, se adaptando perfeitamente as diversas situações.
Vejam se não são lindas…
MP
Abaixo vai o texto que Maritza escreveu explicando o conceito de seu trabalho, aqui ela demostra todo o seu lado poético e o de sua obra.
ESCULTURAS VIVAS
Uma nova proposta, esculturas com plantas: Formas geométricas e escultóricas da rigidez do metal com a leveza e singularidade das plantas. Formas, cores e texturas compondo um pequeno jardim ou um micro clima entre planos.
Essas esculturas sugerem a capacidade das plantas, de se adaptarem a aridez e rigidez do mundo civilizado. Adaptar-se ao meio ambiente degradado é o grande desafio da natureza. Darwin, com suas pesquisas incansáveis, desvendou a complexidade evolutiva das espécies, ocorrida ao longo de milhões de anos. Agora, estamos impondo a natureza um rompimento abrupto e irrecuperável.
Com o nosso olhar mais atento, podemos perceber que as plantas buscam se auto-solucionarem crescendo nas fendas das pedras, nos galhos de arvores. Quem já não se deparou com uma construção abandonada em que a natureza lentamente, no seu ritmo próprio, vai ‘’engolindo’’ aquela construção, brotando nas rachaduras das paredes, sobre os telhados como uma nova hóspede que chegou para ficar, e aos poucos toma posse das frestas, das fendas e dos cantos, numa maneira vigorosa e única de se adaptar.
Há uma tendência do desenvolvimento tecnológico, de criar construções cada vez mais orgânicas, com telhados e paredes verdes, buscando uma melhor qualidade de vida com o mix NATUREZA X HOMEM X VIDA MODERNA. Nas minhas esculturas busco essa harmonia que também é um contraste. O contraste do poder e vigor da natureza em busca da sua sobrevivência ao meio ambiente.
O homem caminha para um futuro altamente tecnológico, controlado e dinâmico, mas também poderá estar caminhando para a sua própria destruição. Somos totalmente ligados e dependentes da natureza é nela que buscamos serenidade e encontramos harmonia e paz. Cada vez mais, estamos conscientes da sua importância, mas paradoxalmente fazemos o caminho oposto, quando destruímos o meio ambiente, obrigando-nos a criar um mundo mais artificial. Nós, seres humanos de carne e osso originais, dificilmente estaremos preparados para esse mundo novo.
A tendência do desenvolvimento tecnológico segue um caminho de hibridação dos objetos e até mesmo dos seres humanos. Podemos ver homens que utilizam em seus corpos chips e outros artefatos que controlam seu estilo e qualidade de vida, transformando sua capacidade de viver, e praticar esporte, por exemplo. Já é possível utilizarmos em nossos corpos válvulas, marca-passo, próteses, chips, órgãos reproduzidos. Fazemos parte de um mundo tão cheio de poluições e radiações no mar, ar, subsolos e ingerimos alimentos altamente químicos e transgênicos. Como reagirá o nosso corpo? Nossa pele tão sensível, frágil, vulnerável ao sol e a radiação? Criaremos peles artificiais, digitais para suportar tantos desacertos? Seremos no futuro, homens de ligas metálicas e carbônicas? Seremos homens híbridos? Ou teremos o vigor da natureza para nos adaptarmos a esse meio?
Mas essa troca de pele quer dizer muito mais… Trocamos o relacionamento humano pelo digital. Nossas paixões, e encantos se voltam para celulares e lap tops metalizados, capazes de falar o que queremos ouvir, dispõem para nós, de imagens perfeitas da natureza, essa sim; nós amamos e a carregamos, para aonde formos, para olharmos a cada manhã ou a cada momento de ansiedade. Mas essa visão digital não nos proporciona a emoção do ao vivo, do tocar, do olhar, da presença, da pele que nos faz sentir o vento, a brisa, o calor, o frescor,… E nos emociona… Uma emoção que nos toca na pele e na alma.
RJ, Abril de 2013 Maritza de Orleans e Bragança
A exposição Ficará até dia 1 de junho na Galeria “Escritorio de Artes”
Endereço: Rua Pacheco Leão 758/ sobrado
tel + 55 21 9989 3786
email de Maritza para contato: maritza@maritzaorleans.com