Fui ver o novo James Bond, no seu primeiro fim-de-semana em solo brasileiro, e pasmei: até lágrimas ele arrancou de quem não é muito lá dessas coisas…
Atípico, o filme não desgarra-se de seus confrades de série quando roda o mundo, sob a batuta de Sam Mendes e ação de primeira categoria: da eletrizante cena inicial pelos telhados do Gran Bazaar, em Istambul, ao deslumbrante ballet, de silhuetas e luzes, projetado nos esculturais prédios da modernérrima Xangai, Mendes filma com pulso, sem esquecer e relevar a beleza, presenteando o espectador com um verdadeiro show de imagens.
Mas as pitadas de saudosismo e até ternura de Skyfall, filme que comemora o cinquentenário do agente secreto mais sexy do planeta, me surpreenderam por provar que, depois de tantas aventuras, ainda há como inovar a velha e deliciosa fórmula. Assim, adorei saber de dados biográficos de Bond, até então guardados a sete chaves e que foram revelados pra justificar traumas de infância: o melhor dos machões no divã, pode?!
Também curti muito o duelo, quase filosófico, sobre as vantagens e desvantagens dos 40FOREVER X 20FOREVER: astúcia X força, sabedoria X vigor, vintage X novo, e confesso que me emocionei, literalmente, quando a grande atriz “sheakspeareana”, e nas horas vagas M, Judi Dench, recita magistralmente um trecho de Ulisses (o grego que venceu Tróia pela inteligência), do poeta inglês Alfred Tennyson, justificando o herói, na “terceira idade”, enquanto Mendes mostra nosso 007, em ação e sentindo o tranco dos anos:
“Não somos mais aquela força dos velhos tempos;
quando movíamos céus e terras,
hoje somos o que somos;
corações heróicos e um único caráter;
enfraquecidos pelo tempo e destino,
mas fortes na vontade;
para lutar, buscar, encontrar, e não se render”.
Termino aplaudindo um elenco espetacular que fez um bom roteiro virar um filme maravilhoso e que, não à toa, bateu recorde de bilheteria na seletiva Inglaterra:
Daniel Craig, definitivamente já é Bond, James Bond;
Javier Barden, recupera o brilho de um vilão à altura do mocinho;
Rauph Fiennes e sua elegância não perdem um papel limítrofe;
Judi Dench, repito, é diva;
Albert Finney, que demorei para identificar, fecha o filme com maestria!
Skyfall vale cada “penny” da sua entrada! BN
http://youtu.be/lpu8EvUXz70