Para fechar nosso domingo, com chave de ouro cravejada de brilhantes, o BLOG recebeu um presente dos deuses: nossa maravilhosa colaboradora de artes plásticas, Vanda Klabin, nos conta a história do casamento do Musée de L’Orangerie com a série emblemática “Les Nynphéas”, de Claude Monet, um conjunto de oito gigantescos e deslumbrantes painéis do artista… O resto você vai ler no fascinante texto da Vanda! Esbaldem-se! BN
“Les Nymphéas, de Claude Monet / Musée de L’Orangerie, Jardin des Tuileries, Paris!”
Ilusion d’un toute sans fin , d’un onde sans horizont et sans rivage – Claude Monet
O Musée de L’Orangerie, no Jardin de Tuileries, em Paris foi edificado em 1853 ao lado rio Sena, pelo arquiteto Firmin Bourgeois e abrigava, originalmente, um antigo depósito de laranjas e de plantas frágeis, durante o frio inverno parisiense. Já na Terceira República, teve diversas utilizações: depósito de materiais, sala de exames, local para eventos esportivos, musicais ou patrióticos, exposições industriais e, depois, como depósito de material militar e bélico até ser administrado pelos Musées Nationaux, em 1921 e, como o prédio vizinho, o Musée Jeu de Paume, passou a ser mais um anexo do Muséee Luxembourg.
Claude Monet, em 1918, propôs a Georges Clemenceau, primeiro ministro do governo francês e amigo do artista, doar à França e ali instalar, o grande conjunto da série Nymphéas, no qual trabalhava, há muitos anos, em sua bela residência /atelier em Giverny, na Haute-Normandie, aonde viveu de 1883 até 1926. Clemenceau, inicia as negociações do projeto de reforma, segundo as orientações do próprio Monet, em conjunto com arquiteta responsável pelo Louvre, Camile Lefèvre.
Les Nymphéas, segundo instruções do Monet, ficariam dispostas em duas salas elípticas ao longo do Rio Sena, no ponto em que o rio se alinha com o eixo leste /oeste de Paris. As obras realizadas ao amanhecer, ficariam posicionadas a leste, e as executadas ao entardecer, voltadas para o oeste.
Les Nymphéas faz parte de uma série de 300 pinturas a óleo, e foi o foco principal do artista, durante trinta anos de sua vida. Realizadas em sua residência, em Giverny, perto dos seus elaborados jardins aquáticos, em diferentes formatos, essas pinturas inovadoras e revolucionárias dentro da estética do Impressionismo, vão abrir o caminho para a linguagem da pintura abstrata, e prefiguram a noção contemporânea de “environnement”.
Em 1926, Monet termina os trabalhos, que jamais chegou a ver ali instalados, pois veio a falecer, aos 86 anos, antes da inauguração oficial das Nymphéas, no L’Orangerie, em março de 1927.
No L’Orangerie estão colocadas 8 composições, da mesma altura e com larguras variadas, dispostas em duas salas elípticas, ocupando uma impressionante superfíície de 200m2 uma verdadeira frisa panorâmica e circular, que se desdobra até quase a sua ruptura, envelopando o espectador. Observamos a liberdade das pinceladas, a supressão de um ponto central, os efeitos de luz que dissolvem a superfície da tela. A impressão é de um conjunto sem fim e sem limites. “Ilusion d’un toute sans fin , d’un onde sans horizont et sans rivage”, como afirmava Claude Monet.
Les Nymphéas, de Claude Monet, estão entre as obras mais significativas do século XX . É um universo de superfícies policromáticas, uma verdadeira pulsação de cores que nos convida ao silêncio, contemplação e meditação. Como observou Gaston Bachelard: “Le nymphéa a compris la leçon de calme quedonne une eau dormante”
Essas pinturas exerceram uma fascinação singular sobre diversos artistas, sobretudo os abstratos franceses e americanos, dos anos cinquenta e escritores como Marcel Proust, Paul Claudel, Gaston Bachelard e outros mais. André Masson qualificou Les Nymphéas como a “Capela Sistina da Arte Abstrata”.
Em 1965, o museu foi transformado, novamente, agora para abrigar, no seu piso inferior, a coleção de 144 pinturas impressionista e pós-impressionistas, do marchand des tableaux Paul Guillaume, onde estão incluídas as obras de Pablo Picasso, Paul Cézanne, Auguste Renoir, Henri Matisse, Amadeo Modigliani, Paul Gauguin, Maurice Utrillo, Henri Rousseau, Chaim Soutine, entre outros. A coleção foi adquirida pelo Estado francês, com a participação da Associação do Amigos do Louvre, entre 1959/1963.
Em 2000/2006, o prédio passa por uma outra reforma, em consonância com as instruções de Claude Monet, para a uso da luminosidade durante o dia. Com essa renovação do museu, Les Nymphéas encontraram a sua plenitude e parecem exalar suas cores, pelo espaço. Tenho absoluta e permanente adoração por esses trabalhos de Claude Monet!” Vanda Klabin.
CURTAM AS FOTOS!
AGORA, EM PARIS!
Por Vanda Klabin, curadora e historiadora de arte!
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