Toda vez que algum amigo vai pra Veneza e pergunta sugestão de restaurantes, espero pra recomendar: vai no “Da Ivo”, é mágico e muito mais. Porque esta “cantina” elegantérrima e discreta está lá, desde que o mundo é mundo e, por um destes mistérios, continua reservada aos “iniciados no culto a Osíris”, mesmo tendo sido palco de uma das festas do casamento do ator George Clooney com Amal Alamuddin…
Apesar de amar a Itália e ser sua cliente habitual, reservei minha ida ao reino veneziano para um dia, acho que por medo de reversão da expectativa. Assim, fui bater naquele deslumbramento há dez anos atrás, carregada de dicas das fontes mais diversas, entre elas, o restaurante “Da Ivo”, apresentado pelo querido jornalista Roberto Davila, que honra o sobrenome que tem: é um exímio conhecedor dos encantos italianos!
Prático e sucinto, ele só me recomendou o nome, sem maiores alardes. Talvez tenha sido até melhor, pois meu queixo passou a noite caindo, tantas as gratas surpresas. A começar pelo ambiente, pequeno e elegante na medida; staff parecendo de filme de Visconti tal a sobriedade, competência e requinte e um cardápio sensacional. Mas não parou por aí.
Suave é a noite por lá… Assim, os clientes quase sussurram na tentativa de tornarem-se transparentes e não atrapalhar a curtição alheia. Suspiro vai, olhares vêm, de repente surge um movimento do chiquérrimo “maître d’hôtel” rumo à uma janela à minha frente. Falsa como uma nota de U$ 2, depois de manusea-la acabou revelando sua real natureza, com todo “nonclalance”: porta acoplada que, quando aberta, dá no canaleto que margeia a entrada dos fundos do restaurante, para os sabidos que chegam de gôndola, triunfalmente!
Fiquei inteiramente siderada por este ballet arquitetônico e seu clímax: a chegada retumbante do muso Hubert de Givenchy, seu companheiro Philippe Venet, mais Marina Cicogna e um grupo. Achei muita graça ao observar que os teatrais clientes seguiam, com seus ares “blasés”, desconhecendo completamente estes movimentos. Até sermos interrompidos por uma curiosa americana, “upper east style”, seu genuino pragmatismo e o seguinte diálogo:
– “Excuse-m, but may I ask who are they?”…
– “Hubert de Givenchy e Philippe Venet”, resumi;
– “Whooooo????!”, retrucou…
– “Givenchy, the great fashion designer”, tentei de novo;
– “Whooo???”
Aí não tive dúvidas, vou de Audrey, pensei…
– “Breakfast at Tiffany’s”, proclamei!
– ” Oh, yeeessss, thank you!!!”, agradeceu a linda moça, radiante por ser re-integrada ao “assunto”.
Minha querida Audrey, eterna musa, me salvou. E adorei a noite, que seguiu seu percurso elegante e inesquecível! BN
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