Depois de mais de 5 mil publicações, aqui em nosso BLOG, somadas à minha amnésia galopante, fico pensando no que ainda não contei pra vocês, morrendo de medo da repetição. Espero não estar cometendo este pecado mortal, ao ilustrar o post com memórias da minha infância…
Filha de um pai extremamente ocupado e paciente como Jó, meu programa preferido, em menina, era sequestra-lo aos sábados de descanso, obrigando-o a percorrer, como dublê de motorista, as igrejas cariocas atrás de noivas. Adorava vê-las entrar. Lá ia o pobre, leitor contumaz, atracado a um livro, para amenizar seu tempo de espera pelas Cinderellas do dia que estavam, como é praxe, atrasadas.
Chegando à igreja, o procedimento era sempre o mesmo. Confirmada a existência de cerimônia, adentrávamos o templo lindamente engalanado, eu com roupinha de brincar e seguida por uma “assessora” que mamãe mandava, pra tentar cortar minhas ágeis asas. Éramos um alvo inevitável para os olhos dos elegantes convidados, que observavam discretamente àquela cena esdrúxula.
Alheia ao entorno e puxando pela mão meu resignado irmão Leo que pagava, a contragosto, este mico duas ou três vezes por sábado, seguia meu caminho rumo às portas do altar para me posicionar estrategicamente e poder apreciar os mínimos detalhes do que imaginava ser um conto de fadas da vida real, ao vivo e a cores.
Naquela época, acho que não existia cortejo de padrinhos “bremeditando o breque”; estes eram meros figurantes e entravam, de mansinho, pela lateral do altar. Assim, as daminhas e pagens eram a única e espetacular atração além da noiva, de quem não se separavam nem por um minuto, durante toda a cerimônia do casamento.
Imaginem, então, qual o grau de admiração que meu pequeno e romântico coração dedicava àquelas crianças, sempre as mais lindas da face da terra, escolhidas a dedo para cortejar e enfeitar a dona do dia.
Por isso, até hoje, quando vejo uma das angelicais damas-de-honra produzidas pelo Mestre Oscar, volto a este passado, como uma flecha, e adoro a sensação que encontro, ainda intacta em meu imaginarium, do rastro de esplendor e magia que elas lá deixaram.
E constato que, assim como o grande senhor De La Renta, tudo que é maravilhoso nunca vai-se completamente.
Para o Doc, de uma “escrivinhadora de chuveiro”. BN