Rafaela Sales tem dezenove anos, é estudante de Comunicação Social na PUC-Rio, cursando o terceiro período. Apaixonada por Cinema, em especial a década de 70 e as produções alemães do início do século.Ela diz” Se pudesse assistir só um filme para sempre, seria “Ensina-me a Viver”, e adoraria poder ter passado uma tarde conversando com Stanley Kubrick.”
Ela é uma menina não só muito inteligente como muito preparada. Fiquei muito impressionada quando a conheci devido a sua cultura, vivacidade, interesse e curiosidade por tudo que é relativo as artes, que seja música, pintura, filme ou teatro.
Ela criou um site espetacular só de criticas de cinema, Rafaela entende muito do assunto e antes mesmo de sair o resultado do Oscar, ela já tinha acertado TODOS os 9 Oscar que foram dados.
Queria indicar aqui o blog dela para quem quiser ter informações sobre qualquer filme. Coloque este entre seus prediletos, pois sem dúvida nenhuma ainda vamos ouvir MUITO falar desta menina.
MP
Aqui vai uma crítica que ela fez do filme ” GETÚLIO ”
Brasileiro não confia totalmente no seu mercado audiovisual, isso já não é novidade pra ninguém. Adestrados a venerar as produções estrangeiras, a audiência brasileira está engatinhando rumo à apreciação do produto nacional. A história do ex-presidente Getúlio Vargas também não é nova pra ninguém, então, como agradar a plateia com um longa como “Getúlio”?
Ao invés de recontar uma história já conhecida, a trama parte de agosto de 1954, quando ocorre o atentado ao jornalista Carlos Lacerda (Alexandre Borges). O episódio joga o governo de Getúlio (Tony Ramos)na berlinda, instiga tensão entre militares e civis e deixa no ar um clima de golpe militar iminente. Com a administração desacreditada, o então presidente entra em uma espécie de inércia. Além das diversas alegações de corrupção, o líder vê o governo enfrentar alegações relacionadas ao homicídio de um oficial da aeronáutica e atentado a um dos maiores jornalistas do país.
Não cabe a mim julgar o teor político do longa, que aborda questões como a estatização do petróleo brasileiro, a criação da Petrobrás e os motivos que levaram à permanência de Vargas no poder durante quinze anos. O que fica claro ao assistir “Getúlio” é: o cinema brasileiro está se solidificando. A trama é coesa e segura mesmo ao apresentar temas polêmicos. Se arrisca ao retratar uma das mais controversas figuras da história do país com olhos, por muitas vezes, tenros. Getúlio, no filme, é mais do que ditador. É um pai carinhoso, um homem incapaz de amarrar os cadarços dos sapatos e que faz questão de jantar feijão com arroz.
No papel do homem-título está um impecável Tony Ramos. Confesso ter perdido um pouco da fé no ator pós-Friboi, mas, me rendi ao que vi na tela. Visceral, Ramos constrói um Getúlio na medida certa. Da primeira a última cena, é impossível tirar os olhos da figura do ex-presidente. Méritos aos roteiristas, João Jardim, Tereza Moura e George Frota, que souberam alternar os momentos tensos com situações cotidianas, mais leves, possibilitando ao protagonista apresentar várias nuances do mesmo personagem.
Se Ramos brilha, na contramão vem Alexandre Borges. O ator faz com que Carlos Lacerda, conhecido pela eloquência e personalidade, caia no precipício do exagero caricato. Os gritos enfurecidos de Borges tiram grande parte do crédito do jornalista, pivô do episódio explorado durante a trama. Apesar do tropeço de Borges, o elenco em geral é excelente, com destaque para Alexandre Nero e Daniel Dantas.
Em seu primeiro longa de ficção, João Jardim deixa rastros da tendência documentarista que lhe é característica (muito bem exercida, aliás, vide “Janela da Alma” e “Lixo Extraordinário”). Nomes da política são apresentados com legendas explicativas, episódios são decupados ao público e traços da vida pessoal de Getúlio são explorados. Vale ressaltar que a arma usada na cena em que o presidente se suicida é mesmo a arma manejada por Vargas.
O filme superou toda e qualquer expectativa nutrida por mim, um drama potente, capaz de segurar o expectador na cadeira. Assim como o feijão do dia seguinte é sempre mais gostoso do que a recém-cozido, “Getúlio” enaltece uma história que todo brasileiro já conhece, e oferece uma narrativa insólita. Se o ex-presidente saiu da vida para entrar na história, “Getúlio” sai das salas de exibição para marcar uma nova, e promissora, fase do cinema brasileiro.
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